86— Uma série sobre o orgulho

 Enfim voltamos a falar sobre uma série de robôs gigantes aqui no blog, afinal de contas faz um tempo que não falo de uma série, então nada melhor que comentar sobre o último anime que comentei do gênero, afinal de contas 86 acabou na semana passada e vi muita gente falando sobre esse final ou até mesmo a série como um todo, então nada melhor que eu exponha meus pontos para vocês até porque, o meu ponto de vista da série mudou desde lá, pois graças a demora do lançamentos dos dois episódios finais fez-me reformular meu pensamento sobre a obra, apesar que não digo que meu pensamento alterou bastante para invalidar o que falei no Meiuca, só que tenho adendos sobre o que falei por lá que mostrarei para vocês.

Um sorriso que vale milhões.


 Primeiramente tenho de explicar o por que do título desse mínimo artigo(para não causar fadiga), pois todo mundo sabe que grande parte da segunda "temporada" foi chata e tediosa, principalmente o drama que os Eighty-sixers tiveram para justificar o gênero Mecha da obra, pois porque eles iriam lutar se estavam são e salvos num lugar onde a guerra não estava no seu meio social, então nada melhor que dizer que eles ainda estão presos no paradigma que foi apresentada na primeira parte e para não parecer forçado diga que eles não gostariam de representar esse paradigma, mesmo agindo de acordo com ela; sinceramente toda aquela discussão deles serem a "última esperança" foi chato, tedioso e irritante, mas isso me mostrou o que a série queria demonstrar, mas que não ficou claro na primeira temporada.


Chato pra cacete.
 

Orgulho é um sentimento gerado pelo reconhecimento do valor de uma pessoa ou de algo, em geral, relativa a si próprio ou a alguma conquista pessoal.(by Significados) esse pensamento é exemplificado perfeitamente na obra desde sua premissa, para começar vamos pegar o principal vilão, não a Legion, mas sim o império de Giad, afinal de contas a origem daquela máquina mortífera que conhecemos de Legion vai além de ser um organismo que não precisa dormir, comer e não se rebela, mas sim uma forma que o próprio estado pudesse se sobrepor tanto aos inimigos externos quanto os internos, a segunda temporada nos mostra que o império de Giad teve o mesmo destino que o império Russo, ou seja a monarquia foi deposta à Francesa e o que surgiu lá foi um conglomerado de estados que formam a federação, não é atoa que Enrst acolheu nossos protagonistas como seus filhos para demonstrar um tratamento diferente do que eles viveram e provavelmente do que ele viveu durante o império, pois o império, mas especificamente a monarquia, não via seus nacionais como iguais, mas sim como cidadãos de segunda classe, detrito que merecia obedecer ou desaparecer, não é atoa que a Legion funciona com cérebros humanos, pois era a única coisa que a monarquia se interessava: seu poder de trabalho para seguir ordens específicas, sem pensar em nada além de sua ordem, não é atoa que os sentimentos mais básicos eram deixados no cérebro, pois não atrapalharia a execução de regras impostas; o anime mostra pouco do império por si só, o que delimita muito minha visão, mas com as informações dadas já dava para raciocinar isso.

Vidas jovens sendo ceifadas por um ideal vazio.

 Agora chegamos aos "mocinhos" da primeira parte que era a república de San Magnólia e seus Albas, aqui também coloco a Lena pelo fato que todos dessa republica queria se mostrar como superiores, eram a raça superior, por isso que nenhum humano era morto no campo de batalha, apenas drones "autônomos", queriam se mostrar civilizados, não é atoa que no início da história não termos informação de outros países a não ser do império por causa da Legion e a própria república, queriam se mostrar como o ápice da civilização, então toda e qualquer informação que fosse contra esse pensamento era perseguido, tudo para manter o orgulho nacional de serem os escolhidos, os predestinados a representarem a humanidade nessa guerra sobrevivencialista contra um mal desconhecido, essa hipocrisia também era encontrada na Lena no início da obra, pois ela acreditava que o mundo mudaria de acordo com suas vontades idealistas, então a história mostrou a realidade, vendo que seu orgulho sendo quebrado, ela decide agir para restaurar seu orgulho e paralelamente por em prática suas ideias; de fato a Lena do início da obra era chata, mas tudo aquilo foi necessário, pois ela era nossa Character driver(resumindo basicamente: Um enredo dirigido por personagens é o tipo de história que é impulsionado pela emoção, em oposição a um enredo de alto conceito), ela que mostra para nós o mundo da história, suas discussões e aplicações, graças a ações dela que tivemos todo o conflito e também a resolução da obra graças às suas ações, nisso tenho de dar palmas a produção que exemplificou bem as emoções de nossa heroína passava, pois desde o primeiro episódio onde nós era mostrado o idealismo dela por causa de sua convivência segura no primeiro distrito, passando pelos episódios onde tudo dava errado com ela, chegando a catarse onde todos os 86 reprovaram as ações dela pelo erro que custou a vida de um deles, praticamente quebrando a cara dela no sentido figurado para que assim ela, já conhecendo as peças do jogo, começasse a agir e raciocinar como aqueles que ela desejava salvar, como uma igual, não um estandarte da bondade e por fim o episódio final da primeira "temporada", onde ela conseguiu atingir um dos seus objetivos, que era salvá-los dos horrores da guerra, mas o objetivo de se juntar a eles só foi alcançado na segunda temporada, muito pelo próprio orgulho dela de seguir em frente, assim como era a mentalidade de seus comandados na primeira "temporada".

Uma farda alienígena em relação a uma sociedade pacifica.

 E por falar dos seus comandados, todos vocês lembram que a única coisa que os 86 tinham como seu era a possibilidade para lutar, mesmo com todas as privações, mesmo com toda a violência que eles sofreram e sofrem, eles possuem na luta como a única forma de serem livres e se orgulham nisso, não é atoa que quando eles estão livres no início da segunda “temporada” eles sentem que uma parte deles está faltando, justamente a parte guerreira deles e aqui entra minha crítica inicial, afinal de contas, ignorando o que falei do Meiuca deles deveriam ir por campo de batalha para manter a história ainda dentro do gênero Mecha, a narrativa pareceu bastante esquizofrênica pelo fato deles próprios não aceitarem o tratamento da Federação quando a própria ofereceu um lar e quando o desejo dos 86 foram atendidos havia todo aquele discurso deles não querem manter a alcunha que para eles era fantasmagórica, o engraçado é que aqui também dar para encaixar o orgulho da própria federação desde serem vistos como os salvadores da humanidade até o fato de não se conformarem de serem salvos por aqueles que foram resgatados por eles, mas isso é algo visível nessa parte, então vamos direto para o conflito principal da segunda “temporada” que foi o Shin, que assim como todos os outros membros possui seu orgulho guerreiro, mas diferente de seus amigos cuja a trama fica presa nesse conceito, ele se diferencia pelo fato que seu orgulho não está em palavras, mas sim em ações, ações que faz parece que ele está agindo de conta própria, mas na verdade ele está agindo por causa do trauma causado pelo seu irmão, seu maior exemplo e orgulho, que fez ele(Shin) se transformar no ceifador daqueles que ele amava, Shin tem orgulho de ser aquilo que seu irmão não foi a ele e esse orgulho está atrelado ao orgulho guerreiro de todos os outros 86, o que faz toda aquela cena catártica do episódio 22 ser entendível, afinal de contas ele estava se tornando o Kiriya, não o que a Frederica lembrava, mas sim o que ele se tornou como Mopho, ou seja um simples Legion programado para matar automaticamente, todavia isso mudou no episódio 22.

O fantasma do passado.


 Finalmente começando a falar do penúltimo episódio que basicamente serviu como o começo do ponto final que foi o último, começando com toda aquela discussão do Shin ser basicamente o Kiriya 2.0 e toda as alegorias necessárias para fazer essa interligação, a ideia da direção primeiramente utilizar a recapturado do episódio anterior correlacionado a despedida do Kiriya da Frederica a protegendo e por fim mostrando tendo a cena conceitual do próprio mostrando ao Shin qual seria seu futuro se continuasse com sua jornada mortífera foi espetacular, pois foi o início da quebra do orgulho do Shin daquela figura sórdida que era o Undertake.

"—Rapaz, tu fez tudo errado."

 Aí passamos para a cena das bordas que começam pretas e finas, praticamente dando um aspecto cinematográfico às memórias de Shin, memórias idealizadas por ele que estavam se fechando, assim como seus olhos, ao perceber que o seu desejo estava sendo atingido, porém a sua culpa o tomou, fazendo as alegações mais óbvias e claras de suas ações, ações das quais possui resultados positivos como foi na cena dos amigos deles agradecendo pelo que ele fez(que pareceu mais um atestado de culpa do que o júbilo da recompensa) aos negativos com a morte de Eugene, cujo a culpa estava na mente do Shin e por fim a cena com Ameise com sua voz se aproximando, praticamente mostrando sua lápide, o que causou desespero ao Shin, um desespero nunca visto na face dele:o desejo de viver.

Lascou.

 Por fim temos a virada do tom da obra que ironicamente foi feito pela personagem que deu cores a vida de Shin e antes de declamar meu ponto tenho uma reclamação, pois o alto-falante do Mecha de Shin conseguia muito bem reproduzir a voz dele de maneira clara, então provavelmente ela deveria ter lembrado que era ele naquele momento e não o que acontece no final, com esse disclaimer dado vamos falar do encontro de ambos que sinceramente foi um espetáculo de Fã-service, ver a cara dos dois se deparando e agindo como se fosse completos estranhos foi fantástico, pois começando com ela mudando a dinâmica do cenário, saindo do frívolo azul que representa a Legion e paralelamente a morte para um caloroso vermelho do Lírio da Aranha Vermelha, as cores antes frias e mortuárias se tornando vivas e quentes, combinando com o diálogo que mostra que ela chegou aí por eles, ainda carregando o background da primeira parte com a inversão das posições, pois era ela que mostrava a via pelo qual Shin deve andar, adicionando toda a quebra de expectativa dele aí ver que a Federação não sucumbiu e ainda por cima todos seus comandados estavam são e salvos foi espetacular e pensar que toda essa virada começou com uma fala dele a ela.

A caminhada mais importante da obra.


 Por fim desse episódio tivemos o início do final feliz com a Frederica mostrando o como Shin poderia se diferenciar do Kiriya foi extremamente reconfortante, mas não tanto como foi o início do último com todo mundo voltando vivo para casa e sendo recepcionados por Ernst e não fazerem desdém disso foi o início da humildade da obra, humilde porque todos da história aceitaram ou entenderam o que o outro queria, primeiramente o próprio Ernst aceitando os desejos dos Eighty-sixers em manter no fronte, não é atoa que colocou Lena para comanda-los pela história de ambos, passando pelos próprios Eighty-sixers aceitando os afagos de seu anfitrião, especialmente o Shin que finalmente entendeu os sentimentos negativos das pessoas de seu entorno como foi com Erwin e a irmã da Eugene, nosso protagonista, assim como ocorreu com a Lena na primeira parte, admitiu o erro, engoliu o orgulho e seguiu em frente, pois havia um caminho para achar um novo orgulho, não auto-imposto, mas sim adquirido por aqueles que o ama.

Não se joga um presente fora.

 Um humildade imposta, é o que aconteceu em San Magnolia logo após da invasão da Legion, mas ao ver a passagem da Lena pelo seu país que outrora era cintilante e vivido acabando sendo soterrado pela sua hipérbole, sinceramente eu queria ver o que ocorreu no processo de duas semanas onde San Magnolia sucumbiu, mesmo sendo desrespeitoso pelos que esta acontecendo o mundo real, gostaria de ver os horrores da guerra afetando um povo em estado morfético por causa do seu orgulho, agora sendo forçado para aceitar a dura realidade da guerra, mas pelo menos narrativa mostra um futuro deslumbrante para os Albas, agora se misturando ao “povo inferior” que são os demais 86’s.

Bem vindos a Verdadeira Republica de San Magnólia

 A série se encerra deixando uma porta aberta para uma segunda temporada, afinal de contas 86 é um anime skip-cour, pois todos os pontos abertos aqui foram muito bem fechados nesses últimos dois episódios, tirando o fã-service de ver Lena se encontrar com os comandados pela primeira vez em carne e osso, há a deixas para uma continuação, só basta o comitê de produção querer e a A-1 pode fazer, de preferência com a mesma staff da primeira temporada para manter a marca em alta, a minha experiência da obra foi fantástica pelo fato de atualizar bem o conceito de Gundam para uma modernidade, mas com os erros dou 8.6/10 para essa obra que vai ficar no mainstream por muito tempo.

Objetivos ainda abertos.

Talvez com este texto vocês não tenham se inclinaram para assistir este anime, entretanto recomendo para vocês, está no meio delas entram dar para fazer uma pequena maratona para acompanhar semanalmente, enfim espero feedbacks de vocês sobre estas obras e deste texto, para uma possível melhora de minha escrita, qualquer problema é só comentar que responderei, além disso só isso e até mais.  

Não esqueceremos.


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