De Madoka a Magireco — Quando o sucesso não é eterno.

  


  Puella Magi Madoka Magica é uma obra singular, vindo de um período onde obras de maneira geral buscavam ser obscuras, seja pela paleta de cores mais escura, seja por uma temática madura; praticamente a identidade da mídia do início do milênio era remeter a uma descrença de tudo que foi estabelecido no milênio passado e buscar estabelecer algo novo; focando em animes, afinal de contas é o enfoque da página, todo um torpe usado por inúmeros gêneros foi alterados para se adequar a essa visão de mundo da época, seja battle shounen buscando passar um tom menos enérgico, sejam romances que buscando ser algo mais contemporâneo do seu publico, ou até mesmo obras infantis buscando ser mais "descoladas", aqui nasce a mais citada frase por inúmeros otakus iniciantes até os dias atuais: " —De que anime não é pra criança." muito por causa de obras violentas que emergiram dessa época, como Blood+, Hellsing, Elfen lied, Higurashi no Naku Koro ni entre outros que ajudou a arrendar a atenção de jovens de todas as partes do mundo, que fugindo de obras mais fantasiosas de sua infância, deparam-se com essa brutalidade antes vista em obras de terror para adultos e então criaram esta frase tão "célebre" usada até hoje.

Animes para todas as idades.

 Então no finalzinho da primeira década do terceiro milênio, para falar a verdade Madoka Magica saiu em janeiro de 2011, então estou forçando um pouco, envolto nesse caldeirão midiático resultante dessa década era lançado justamente essa obra e se vocês tivessem lido sobre minhas reviews de Mirai Nikki saberão que muitas obras do início da década passada serviram como ponte entre esta e a passada, mas justamente por sua proximidade com a década anterior e possui muitos elementos referidos no parágrafo anterior, só que o fato que faz esse anime ser especial é que ela passou a linha do "aceitável", esse rompimento com o tradicional praticamente criou o termo da regra dos três episódios; caso você não tenha visto o anime e esse texto tenha engajado para ver, eu recomendo pois a partir daqui teremos spoilers, mas relaxem pois ao clicar aqui para poder assistir e depois voltar para cá conferir minha crítica.

Relaxem, pois o Spoilers começa aqui.

 Madoka Magica começa como qualquer anime de Garota Mágica da década dos anos 2000, ou seja tudo não é tão colorido, o que é engraçado, pois as cores usadas nas garotas mágicas da série são bastantes pastéis, mas a paleta de cores da obra são bastante claras para remeter a pureza das nossas heroínas e a história, mesmo que a primeira cena é bastante escura, começa nos demonstrando a sua ingenuidade para que acaba sendo quebrada justamente no derradeiro terceiro episódio, tudo que foi introduzido por um tom mais iluminado nesses dois primeiros episódios é violado ou desvirtuado nos episódios subsequentes, talvez o ponto mais visível dessa mudança seja o encerramento, pois a abertura de Madoka Magica(コネクト/Conexão por ClariS) segue muito bem o padrão de aberturas envolventes da época que passa, todavia o primeiro encerramento(また あした/ Até amanhã) mantém uma magia de séries de garotas mágicas, tanto que a própria Madoka canta ela, porém essa magia acaba ironicamente por Magia do Kalafina que consegue pôr em acordes músicas toda a aflição e desespero presentes a partir do final do episódio três. 


 Como falei o anime começa no final do capítulo três, justamente na morte da Mami que foi o pontapé principal para que a trama começasse de facto e como falei, Madoka Magica é o reflexo de toda uma década de produções mais obscuras, mas atravessa o limiar de obras de garotas mágicas para por uma narrativa mais adulta, não num sentido de gore, mas sim conceitual, pois a narrativa é bem construída e amarrada num conjunto de regras quase verossímeis ao nosso mundo, só que numa história de garotas mágicas onde causa e consequência eram mais atenuados por causa de sua proposta, os inúmeros mistérios apresentados durante sua história fazia que nós ficássemos mergulhados em inúmeras hipóteses que ou eram certas, ou estavam perto das verdadeiras respostas, a descoberta da origem das bruxas, a tenacidade em que as lutas significavam, os conflitos envolvendo a Homura, o peso de escolher e ser uma garota Magica, a ameaça da Walpurgisnacht e seu impacto no mundo da obra, aliás ficaram atentos aos textos em alemão?, ou até mesmo o próprio Kyubey eram tópicos que instigando de quem assiste e isso que faz a obra ser tão contagiante, pois você quer saber mais sobre o mundo e suas teorias são respondidas de maneira suave através de uma excelente direção e uma ótima construção de roteiro que dávamos as respostas entre as inúmeras linhas da animação.

Uma versão mais leve das obras da época.

 Outro ponto interessantíssimo da obra são suas personagens que ajudam bastante no desenvolvimento da narrativa e são incrivelmente simpáticas por serem bem construídas de acordo com sua história e sua inserção na narrativa geral, começando com a Sayaka que exemplifica o quão cruel é ser uma garota mágica, desde que o contrato com Kyuubey até seu trágico fim como uma Bruxa, fora a importância da joia da alma e da Grief Seed, fato engraçado é que Grief Seed possui três traduções oficiais, mas para mim chamarei da semente do pecado; fora pelo fato que nem todos seus desejos são realizados, ela é uma personagem importantíssima justamente pela proximidade da Madoka, então no fim nossa protagonista acaba vendo os efeitos nocivos sem virar uma garota mágica; pela Sakura por mostrar os efeitos da competição pela sobrevivência que se tornou a vida dela, fora o impacto de se tornar uma garota mágica para a família religiosa que ela possuía, da Mami por ser a primeira garota mágica que vimos e seu abrupto fim, até mesmo a própria Madoka pelo fato de seguir todo um estereótipo de heroína de histórias de garotas mágicas desde o primeiro minuto até a última cena dela em tela, fora a dicotomia com a Homura e aqui termos a principal desculpa para a comparação do titulo, pois o poder dela é quebrado, não tanto quanto da Madoka do final da série, mas o fato de saber praticamente todos os acontecimentos do tempo onde a obra se passa e tentar mudar o destino de sua amada, falhando durante o processo é sublime, pois graças ao seu poder de retroceder ao tempo acaba transformando ela na verdadeira estrela da obra, por ser a representação em persona de toda a ideia da obra, sendo apresentada como uma possível ameaça e apartir do décimo episódio revelando que ela é a verdadeira heroína da narrativa faz com que a personagem seja tão gostável para todas as faixas etárias que você ver inúmeras homenagens a ela de todas as formas, de todos os jeitos, não é à toa seu protagonismo no Rebelion é explicado e antes de ir para o próximo tópico tenho de falar por cima do indicado Japonês para o Oscar e que filme fantástico, o verdadeiro ponto final da franquia por potencializar toda a ideia da obra em um longa metragem, pena que a Sony não compactua com essa ideia e tratou de anunciar uma continuação a série, mesmo sem data definida.

Pensa num filme lindo.

 Como falei antes, as obras dos três primeiros anos da década passada foram transicionais, pois o período entre 2010 para 2013 foi um período de mudanças grandes no mundo, entre essas mudanças foram a popularização dos Smartphones, todo um mundo novo surgiu justamente na compactação de computadores para a palma de nossas mãos, justamente pela possibilidade de novas mídias para serem consumidas nesses celulares inteligentes, então as produtoras japonesas conseguiram expandir sua esfera de influência com inúmeras coisas, entre elas os jogos Gacha, inúmeras franquias surgiram desse modelo como Princess Connect, mas franquias mais consolidadas também possui produtos desse gênero como Fate com Grand Order, com o decorrer dos anos muitas dessas obras acabaram tendo adaptações animadas, mas aí virou loteria, pois muitas Ips boas que acabaram tendo sua popularidade sendo destruída por péssimas adaptações, mas também tem casos que Ips desconhecidas acabaram "estourando" por excelentes adaptações, um bom exemplo é o próprio Princess Connect, mas uma franquia que possui ótimas adaptações foi a série Grand Order, muito por causa da estrutura do jogo que permite várias adaptações de histórias específicas de sua narrativa, com isso é possível fazer um anime contido numa simples história com uma staff fixa, fomentando o gosto do público para seus personagens, afinal de contas é o principal, para não dizer único, meio de renda desses jogos cujo sua essência é ser gratuito, combinado com uma exigência de uma boa animação que a franquia tinha, sem a necessidade de inúmeros episódios para adaptar toda narrativa do jogo, fazendo em partes, dando destaque justamente aos personagens, nesse conglomerado de histórias, a narrativa do jogo é entregue; outro caso de sucesso é justamente Princess Connect que não adaptou toda a narrativa do jogo, mas o anime é excelente por conseguir fomentar o desejo de acompanhar a obra, mas ai eu falei no meiuca.

Fou mandou um oi.

 Depois de tudo isso finalmente posso falar do Magia Record, pois é um jogo Gacha foi lançado no Japão em 2017 e ganhou adaptação em 2020, no mesmo estúdio da Madoka Magica, mas numa situação financeira totalmente diferente do que estava a dez anos atrás, mas essa não foi a única variável para que o anime seja tão ruim, primeiramente irei avaliá-lo como um anime de jogo, para depois tentar relacioná-lo como um anime de Madoka, pois é necessário dividir o Shoyu do trigo, para começar com o fato que me deixa extremamente revoltado, pois um anime de jogo cujo seu objetivo comercial é introduzir novos fãs seja tão confuso e ao mesmo tempo vazio, confuso pelo fato que a narrativa tenha emular o sentimento de sua inspiração e falhando miseravelmente, só que aqui fica vazio, pois a introdução das garotas é genérica, sem inspiração ou personalidade, você sabe como elas agem, pensam e reagem ao seu ambiente logo nos primeiros segundos em tela, dando assim uma previsibilidade emocional da história delas e da narrativa como um todo, outro fato horrível é que o anime busca mostrar o máximo das garotas mágicas possível para conseguir atrair fãs apenas por seu design, esquecendo justamente o background delas que serviria cativamos com as garotas para querer ter elas no nosso jogo, um erro que também ocorre em Takt Op, fora que a produção queria passar toda a história da obra em apenas 26 episódios, esse talvez seja o maior erro em querer passar tanto conteúdo em tão pouco tempo, combinando pelo fato que a produção foi "quebrada", já que inicialmente foram anunciados 26 episódios de uma temporada única, mas quando chegando na metade foi anunciado que o anime seria dividido e a segunda metade seria transmitido mais para frente, isso já era esperado pelo fato que o próprio estúdio vai mal das pernas desde antes da exibição do anime, então o cronograma de produção estava horrível e piorou por causa da pandemia, que atrasou a exibição da obra em mais de um ano, muito provavelmente alguns episódios nem começaram a ser produzidos quando a exibição da primeira parte era encerrada, primeira parte que foi extremamente mal produzida, com uma animação mal finalizada e o uso em excesso do conceito de arte bastante utilizado em Madoka, só que invés desse estilo seja encontrada nos labirintos das bruxas, eram utilizados desenfreadamente nas cenas mais comuns das obras.

Eu fico raivoso pelo fato dela nem sequer foi desenvolvida.

 Falando das garotas e já correlacionado com a série original, não temos nenhuma que se destaque o quiçá agregue a obra, muitas delas são tão esquecíveis que quando falam de Magia Record só me vem dois nomes em minha mente: da Iroha e da Yachiyo, a primeira é a protagonista da obra e lembra que o anime busca emular o original, então ela é a Madoka da história, pois praticamente tudo é igual a ela, desde paleta de cores até a sua atuação, tudo remete a nossa heroína, só a motivação é diferente, pois enquanto a Madoka era tentada pelo Kyuubey em se tornar uma garota mágica, a Iroha já é uma e busca achar sua irmã que foi limada da existência, tirando isso e a dubladora, são praticamente irmãs siamesas; já Yachiyo é diferente, muito por ela ser uma garota mágica universitária, o que por si só é um elemento interessante que a obra não aproveita, mas não é o único jogado no lixo, pois a primeira parte apresentada toda uma narrativa atrelada a ela que é jogada no lixo na segunda parte e por falar da segunda parte.

A Diva.

 O jogo é dividido em duas partes, uma consiste numa narrativa original que usa o mundo de Madoka Magica, mas com uma história e personagens originais, mas a segunda parte introduz o cast da inspiração e busca encaixar a história de Magia Record na narrativa da primeira, algo que também ocorre no anime quando o início da segunda parte já mostra as protagonistas de Madoka Magica lutando, só que a maneira que a história de Magia Record é encaixada no Lore é genial e abismal, pois como falei o poder da Homura é quebrado pelo fato dela voltar no tempo para tentar salvar sua amada e acaba falhando, todavia ela sempre volta para mudar o curso da história e salvar sua amável Madoka, porém o anime Magia Record mostra o grupo da Madoka reunido, assim como anime original mostrou, só que aqui Homura dar a entender que toda a narrativa de Magia Record está dentro de mais uma tentativa dela, o que canoniza a obra dentro do Lore de Madoka, só que não há nenhum elemento proeminente de Magia Record no original, nem sequer uma referenciazinha que encaixe essa obra e isso que acho abismal, pois a primeira temporada de Magia Record, mesmo sendo fraca, possuía uma certa identidade, mesmo com a aparição da Mami e Sayaka no último episódio, isso sozinho não excluiria a obra dentro do universo de Madoka, mas quando a Homura citou sua busca meio que todo o meu engajamento pela obra, que já era pouco, se perdeu, pois mesmo com uma história tediosa que dar sono, algo que não ocorria comigo quando vir o original, a obra tinha a desculpa de ser algo sem relação canônica com Madoka, com isso garantindo autonomia pra tocar a história como quiser, mas essa garantia míngua justamente pela citação da Homura, com isso todas críticas a Magia Record são potencializadas pelo fato de ainda ser Madoka.

Não achei a imagem, mas temos um oi da Mami.

 Bem eu poderia citar também o sistema Doppel e a Magius, mas se as garotas são desinteresses, toda a trama é irrelevante e desconexa com a realidade da obra, pois tudo acaba sendo uma motivação frívola para o conflito da história, já que o desenvolvimento principal nem é tão trabalhado nesse anime, bem eu falo tudo isso sem assistir o episódio final, pois se toda a série é tediosa e nem é envolvente, duvido muito que um último episódio de 24 minutos possa escapar essa obra do calvário das adaptações ruins+continuações péssimas; o que é engraçado é que graças a Magia Record há uma confirmação de algo que outras séries constatam: que Madoka Magica é único, pois ter criado um gênero como é o Mahou Shojo Madoka-like, onde obras com garotas mágicas dentro de um mundo sombrio e ou buscam sobreviver dentro dessa nova realidade matando rivais, das inúmeras histórias subsequentes ao lançamento da Madoka, nenhuma conseguiu superar a genialidade ou a inovação que a obra fez ao mundo dos animes como um todo, nem mesmo sua adaptação oficial, bem o resumo dessa obra é que assistam Madoka e esqueçam Magireco(compacto do nome da obra).

Sozinha nesse mundo

Talvez com este texto vocês não tenham se inclinaram para assistir estes animes, entretanto recomendo para vocês, basicamente só a Madoka, enfim espero feedbacks de vocês sobre estas obras e deste texto, para uma possível melhora de minha escrita, qualquer problema é só comentar que responderei, se gostou compartilhe e leia outros textos daqui, tenho certeza que você vai gostar e ajuda muito, além disso só isso e até mais.

Vão com Madoka.


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